Coisas que vejo, sinto, saboreio, cheiro, ouço e as que às vezes, muito de vez em quando, intuo.

quinta-feira, maio 03, 2007




















Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

11 comentários:

Anónimo disse...

Suspiro fundo para dizer que:

o problema é que nem sempre isso nos basta.

Anónimo disse...

Linda Ana,

Para quando um texto escrito por ti?

Para ler os outros "vou ter com eles"... :)

Beijinhos grandes

Mu

José Oliveira disse...

belo blog, gosto tambem bastante das preferencias :)

continua, bjs

Magal disse...

jo.ana,

suspiro de seguida enquanto pego na tua mão para dizer que:

eu sei. mas é aí que TU entras... cheia de força por ti adentro, a percorrer veias, nervos, músculos, e a compreender todo o encadeado de coisas que te levam a sentir, ver, lembrar e saborear daquela e desta maneira. Sentes o teu poder. Aí usas e abusas da tua enorme sensibilidade para decidir o que te basta para soltar um sorriso, um arrepio, uma lágrima das boas, um bater mais forte do coração, um brilhozinho nos olhos...

(Abraço-te, com muita força! E a seguir consigo um sorriso! ;)

Beijinhos muitos!

Magal disse...

Linda Mu,

estou em plena fase de reorganização do meu dia-a-dia, e preciso de alguma serenidade para me dedicar à escrita. De qualquer forma, também gosto da ideia de utilizar o meu blog para tornar "público" o que me inspira, comove, atrai, intriga...

Mas é óbvio que fico toda contente por me incentivares a escrever! :)

Beijinhos enormes e vou tentar não tardar!

Magal disse...

joseo,

que bom que gostaste! já fui dar uma espreitadela ao teu e parece-me que vou passar bastante tempo por lá a enriquecer a minha cultura cinematográfica! As tuas escolhas pareceram-me óptimas! ;)

Bejinhos muitos!

Anónimo disse...

concordo com o "meu" lido e relido Saramago...ou talvez nao...talvez gostasse de concordar, mas sei q isso nao me completaria porque sinto-me um verdadeira mulher do sec.XXI cujo tempo nao é, muitas vezes, suficiente para parar e,mais do q olhar,VER..
ainda em relaçao ao Saramago....o texto encanta-me, vivendo-se ou nao neste mundo onde "viver basta"...
toda a capacidade de transmitir sensaçoes apenas com palavras, essa capacidade de me fazer sentir um sabor, um odor, paz ou calor, isso, sim!, é para mim um dos grandes prazer de ler e apreciar essa ARTE que é a LITERATURA...

P.S. De onde foi retirado o texto?

Magal disse...

querida pianista,

percebo que neste século tudo exija que nos apressemos, e que temos um futuro a construir que na maioria das vezes nos obriga a não "perder tempo". Contudo, acredito que é tudo uma questão de organização; que como dizia o Agostinho da Silva: temos de saber equilibrar o prazer com as obrigações da vida. E se mesmo assim, me responderes que é impraticável, dir-te-ei que aproveito o caminho para casa, a ida para o trabalho, a fila de espera, para apreciar a vida que nos rodeia. E às vezes isso basta-me, para o meu dia valha a pena!

Beijinhos amorosos!

Magal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Magal disse...

Ah! E o texto tirei-o daqui:

http://botecoliterario.wordpress.com

Anónimo disse...

quando perguntei de onde o tiraste nao queria saber o blog mas sim FONTE LITERARIA!!ou seja..
poema retirado de
" PROVAVELMENTE ALEGRIA" Editorial CAMINHO, Lisboa..Bjs

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"Não pedi para participar neste comércio do Ser, ninguém pode pedir nada às suas origens e não tenho mais do que uma importância mínima no comportamento do todo. E no entanto! A guerra dos Ser e implacável e estou dentro dela, nas suas múltiplas combinações do mundo e em cada uma delas o meu peso faz oscilar a balança para um lado ou para o outro e seja invisível ou não a carícia ou o golpe que me sai da mão sempre será transformação do todo que, queira ou não, sou." Casimiro de Brito