Coisas que vejo, sinto, saboreio, cheiro, ouço e as que às vezes, muito de vez em quando, intuo.

terça-feira, abril 17, 2007

Roy Lichtenstein - Sunrise


Surfing under the skin

A vida é como no surf. Umas vezes esperamos, deitados ou sentados nas pranchas, de olhos postos no horizonte à espera das boas ondas. Enquanto esperamos sentimos. Mesmo com aqueles fatos impossíveis de vestir de tão impermeáveis! Sentimos o amigo que está ao lado, e os que estão num momento, porque esperam o mesmo… Sentimos a passagem do tempo. Sentimos a nossa resistência, persistência e natureza. Para que quando a onda maior chegar, estarmos preparados, equilibrados e confiantes o suficiente para não a deixar passar.

E de repente, ela chega! Nunca vem sozinha. Mil oportunidades surgem de repente!
É possível que, por vezes, nos sintamos reticentes:
“Não será melhor apanhar a próxima?... Daqui parece que se vai formar melhor!... Se apanhar esta, provavelmente não chego a tempo àquela!”.
E elas vão passando. Uma atrás da outra… E nós à espera da melhor de todas:
“Ui! Esta não! É grande demais!! E..e… há corais, ainda por cima!…”
Apanhamos a última. Só para que saibam que apanhamos pelo menos uma.
“Grrr… Merda! Pensei demais.”

Mas noutras vezes, sentimo-nos compensados pela espera.
Ficamos eléctricos! Queremos aproveitá-las todas! Ávidos de acção, de adrenalina, vamos na crista de uma já a pensar na próxima! E aguentamos com todas, porque quem corre por gosto não cansa! Mas depois, domados pela gula, não nos concentramos o suficiente. E os túneis, os floaters, os aéreos não estão a resultar como de costume.
Precisamos de descanso, da prancha só a flutuar outra vez…

Eu estou no meio delas. Não quero desperdiçar as boas.
Para isso, preciso de manter a serenidade. Já apanhei algumas e curti milhões! Outras deixei passar. Achei melhor... Preparo-me para dar aos braços e pernas para apanhar esta! E se conseguir, rodopio um pouco! Daqui, já consigo ter a percepção das próximas. Parecem ser grandes…
Mas o melhor é esperar mais um pouco.
Quero vê-las bem de pertinho.

YHAA! AQUI VOU EU!

3 comentários:

Cláudia Cunha disse...

Amei! Excelente descrição do fervilhar dos sentidos, amiga!
Na crista da onda ou engolida pelo mar num rodopio vertiginoso, podes sempre contar comigo para surfar ao teu lado na maior das ondas, para aguardar com serenidade quando o mar estiver flat ou para simplesmente te pescar do mar se for caso disso... Até ao fim da linha do horizonte.
Abraço Forte e Beijo Gordo

P.S. - Fiquei surpreendida com o teu know-how surfista: não me andas a contar tudo!!!

Magal disse...

Linda Cláudia,

Eu sei, eu sinto que estarás sempre presente nesta aventura! De qualquer maneira, sabe tão bem ouvir!...
E o meu know-how vem da semana que passei na Arrifana com amigos que gostam bastante de surfar. E aquela praia é deles! Estavam por todo o lado! Tive oportunidade de os observar bastante, de perceber como sentem tudo aquilo.

Neste texto, está um bocadinho de tudo o que vi.

Beijo apertadíssimo!

Anónimo disse...

Maravilhoso Bruxa...
quando venho aqui espreitar é porque tenho saudades da Mulher. MAs depois saio com mais saudades mas melhor....explica lá isso num dos teus blogues sem plágio....

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"Não pedi para participar neste comércio do Ser, ninguém pode pedir nada às suas origens e não tenho mais do que uma importância mínima no comportamento do todo. E no entanto! A guerra dos Ser e implacável e estou dentro dela, nas suas múltiplas combinações do mundo e em cada uma delas o meu peso faz oscilar a balança para um lado ou para o outro e seja invisível ou não a carícia ou o golpe que me sai da mão sempre será transformação do todo que, queira ou não, sou." Casimiro de Brito