A Free Hug…
Naquela noite decidimo-nos por um jantar bem portuense e dos mais calóricos. Aproveitamos a máxima “desculpar o mal que faz pelo bem que sabe”, e escolhemos.
Estava momentaneamente só, quando uma senhora, já jantada e de saída, pequenina, velhinha, me fitou com um olhar muito atento e esperto e sorriu… Sorri de volta naturalmente. A seguir, acho que não resistiu: “A menina desculpe, mas tem uma cara tão meiguinha! Dê cá um abraço…” (Longo abraço…). Agora de mãos unidas contra o peito, dava passinhos curtos e olhava em volta irrequieta, a querer dizer-me que, por embaraço, prefere sair. Enquanto se afastava, foi repetindo a rir: “Até fica mal uma mulher apreciar assim outra, mas é que parece ser mesmo meiguinha!”.
Aii! Estes free hugs sendo tão gratuitos, desinteressados, espontâneos, chegam a doer de prazer!
Depois orgulhei-me. É assim que quero sentir a vida! É assim que quero estar. Só assim me faz sentido, só assim me faz sentir bem. Quero sentir-me capaz de apoiar, ouvir, sorrir, abraçar, dar a quem se disponha a receber, a quem dê prazer. Todos. Os que conheço, os que admiro e aqueles que por mero acaso(?) estão no mesmo restaurante, na mesma fila de espera, na mesma viagem de comboio, na mesma pista de dança… Todos.
Estava momentaneamente só, quando uma senhora, já jantada e de saída, pequenina, velhinha, me fitou com um olhar muito atento e esperto e sorriu… Sorri de volta naturalmente. A seguir, acho que não resistiu: “A menina desculpe, mas tem uma cara tão meiguinha! Dê cá um abraço…” (Longo abraço…). Agora de mãos unidas contra o peito, dava passinhos curtos e olhava em volta irrequieta, a querer dizer-me que, por embaraço, prefere sair. Enquanto se afastava, foi repetindo a rir: “Até fica mal uma mulher apreciar assim outra, mas é que parece ser mesmo meiguinha!”.
Aii! Estes free hugs sendo tão gratuitos, desinteressados, espontâneos, chegam a doer de prazer!
Depois orgulhei-me. É assim que quero sentir a vida! É assim que quero estar. Só assim me faz sentido, só assim me faz sentir bem. Quero sentir-me capaz de apoiar, ouvir, sorrir, abraçar, dar a quem se disponha a receber, a quem dê prazer. Todos. Os que conheço, os que admiro e aqueles que por mero acaso(?) estão no mesmo restaurante, na mesma fila de espera, na mesma viagem de comboio, na mesma pista de dança… Todos.
E estes, que morrem crianças depois de ter amadurecido todo o saber dos adultos* sabem bem como dar abraços rejuvenescedores!
Free Hugs, we all need one.
*Agustina Bessa-Luís
Free Hugs, we all need one.
*Agustina Bessa-Luís
10 comentários:
Ó Ana, não sei se vais levar a mal, a bem, não interessa. Aceita como um elogio, porque, apesar de seres ainda mais bonita, ela também o é. Tu és muito parecida com a Kirsten Dunst. Estou farta de o dizer, por cá, por estas bandas. Sempre que abro uma revista/jornal lá te vejo. E digo sempre: "é igual à minha prima".
"Isso é que vão para aí uns genes", respondem-me ... ;)
beijocas!
(não é em todas as fotos, mas há algumas em que vos acho mesmo parecidas. Se fores ao imdb, a foto de apresentação dela parece roubada de uma qualquer moldura de tua casa). Vai ver.
Ainda bem que decidiste blogar, escrevinhar, pôr no neon as tuas palavras...sem elas somos como estátuas mudas. Belas, é certo, mas sem a arquitectura de sinais que fazem crescer a ideia e atirar a imaginação para a estratosfera. Afinal a vida além da pele essencial precisa do sopro vital das ideias, e as tuas são de natureza alquímica :)
Oi prima,
Não levo nem a bem, nem a mal. Pela foto de apresentação, percebo as semelhanças. Mas só nessa, eu acho. No "secos e molhados", já me tinham abordado da mesma maneira. Mas na altura nem sabia quem era a virgem diabolicamente angelical e suicída!
Já tive algumas situações na vida em que me assemelharam a outras caras: a kate moss, a vocalista dos Lamb, à menina do anúncio ao perfume Noa, e até à própria Ana Bola(em poucas me revi...).
Ainda dizem que tenho uma cara fora do vulgar! :)
sal,
Sim, ainda bem que me decidi a experimentar. Hei-de continuar enquanto me der prazer, até sentir que (me)aproveitei ao máximo.
E sim, as palavras são capazes de me transportar para outras noções de tempo e espaço! ahhhh, e isso é magia! ;)
Olá Anna, gostaria que lesses um conto que escrevi há uns anos , mas que continua...fala dessa busca, do sabor do caminho da procura...clica aqui e experimenta o deserto...previno-te que podes cair na tentação de "cairar" ( um amigo meu disse-me depois de o ler que todos nós "cairamos") ....
http://reescritadossentidos.blogspot.com/2005/08/cairo.html#links
oi che,
Quando te descobri no blog da maria, resolvi ir espreitar-te. E como faço sempre, comecei pelos posts mais antigos. Daí que já tinha experimentado esse teu deserto. Acho que todos nós temos os nossos, bem camuflados nalguns casos, mas estão lá.
Esta vontade de correr o mundo sem destino, de mochila às costas, acompanha-me desde sempre. Mas depois acobardamo-nos, cedemos às exigências práticas do dia-a-dia.
A plenitude, a essência, a paz, o equilíbrio e enriquecimento que resulta desta descoberta é incomparável a qualquer outra experiência na vida. Tenho a certeza!
Pode ser que um dia resolva "estar nas tintas" para o conforto das certezas e vá ao encontro do meu "cairo".
Essas estórias que acontecen sem estarmos à espera são realmente deliciosas... Enchem-me as medidas!
Minha querida Ana, continua a exercitar essa capacidade de escrever as tuas emoções e pensamentos com os quais tanto me identifico. :)
Mas, mais importante do que tudo, obrigada por me lembrares aquilo que realmente andamos aqui a fazer...
Um abraço daqueles bem apertadinhos!
Linda Cláudia,
Não somos iguais, a isso não me atrevo. Mas parece-me que as mesmas coisas nos captam a atenção, as mesmas coisas nos preocupam, as mesmas coisas dão-nos especial prazer. Vou aproveitar-te ao máximo, porque não me aconteceu muitas vezes antes, nem acredito que vá acontecer muitas vezes mais...
Aquele Xi!
Ps: Não tens nada que agradecer. Só te estou a dar o "troco na mesma moeda". ;)
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