Porque SIM!
“Porque acredito que a esmagadora maioria das mulheres grávidas está numa posição privilegiada para lidar com todos os problemas éticos que a decisão de abortar implica. Mais do que eu, do que um juiz ou de que um médico. E porque não acredito que a lei actual evite um único aborto. Só os torna mais perigosos, mais traumáticos e mais humilhantes.”
Daniel Oliveira in Expresso
Coisas que vejo, sinto, saboreio, cheiro, ouço e as que às vezes, muito de vez em quando, intuo.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
quinta-feira, janeiro 25, 2007
My Way…
Durante um ano, pisei várias vezes o mesmo caminho. Os mesmos passeios conduziam-me até à estação de metro mais chegada, que por sua vez me largava noutra com os mesmos outros passeios que me levariam até à rua onde trabalhava. Que por sorte era na baixa da cidade.
Ao fim de alguns dias, eram certos alguns companheiros de viagem.
A caminho do metro ficava um café pequenino com uma mesa junto à janela. Era nela que encontrava sempre um senhor de respeitosas cãs, a ler o jornal. Sempre na mesma mesa, encostado à luz e a quem passa. Só lhe conheço o perfil. E a posição, essa reconheço-a: inclinado para o jornal, os pés paralelos, braço direito sobre a mesa, mão no cimo da página, os dedos médio e polegar quase a virá-la. De “nariz meio empinado” e as sobrancelhas erguidas, passava o olho a cada artigo. Vi-o em Janeiro, bastante agasalhado, e em Agosto de calções e t-shirt. Não sei se era o dono, se cliente desde sempre e enquanto puder.
Estava sempre na mesma mesa, à mesma hora, a ler o jornal.
Nunca mais o vi.
Nunca mais passei pelo café àquela hora…
Na última estação, era largado sempre ao mesmo tempo que eu um rapaz de cabelo até à cintura, perdido nos seus pensamentos, ou simplesmente tímido, e sempre de preto. As unhas mal pintadas de vermelho, a cara marcada de batôn e as calças acinzentadas por estarem do avesso, eram indícios óbvios de “caloirices”. Espero que tenha sabido aproveitar bem as descobertas e surpresas do primeiro ano.
Saíamos praticamente ao mesmo tempo. Mal púnhamos o pé na rua, recebíamos os bons dias do distribuidor dos jornais gratuitos. Tinha óculos, cabelo naturalmente desarranjado, muito enérgico para aquela hora da manhã! Fazia questão de dar os bons-dias e os dois jornais a todos. Parecia impraticável, mas ele lá conseguia que ninguém lhe escapasse.
Estavam sempre na mesma estação, à mesma hora.
Nunca mais os vi.
Nunca mais fui largada daquela carruagem, naquela estação, àquela hora.
Mas recordo-os, com imenso prazer!
Ao fim de alguns dias, eram certos alguns companheiros de viagem.
A caminho do metro ficava um café pequenino com uma mesa junto à janela. Era nela que encontrava sempre um senhor de respeitosas cãs, a ler o jornal. Sempre na mesma mesa, encostado à luz e a quem passa. Só lhe conheço o perfil. E a posição, essa reconheço-a: inclinado para o jornal, os pés paralelos, braço direito sobre a mesa, mão no cimo da página, os dedos médio e polegar quase a virá-la. De “nariz meio empinado” e as sobrancelhas erguidas, passava o olho a cada artigo. Vi-o em Janeiro, bastante agasalhado, e em Agosto de calções e t-shirt. Não sei se era o dono, se cliente desde sempre e enquanto puder.
Estava sempre na mesma mesa, à mesma hora, a ler o jornal.
Nunca mais o vi.
Nunca mais passei pelo café àquela hora…
Na última estação, era largado sempre ao mesmo tempo que eu um rapaz de cabelo até à cintura, perdido nos seus pensamentos, ou simplesmente tímido, e sempre de preto. As unhas mal pintadas de vermelho, a cara marcada de batôn e as calças acinzentadas por estarem do avesso, eram indícios óbvios de “caloirices”. Espero que tenha sabido aproveitar bem as descobertas e surpresas do primeiro ano.
Saíamos praticamente ao mesmo tempo. Mal púnhamos o pé na rua, recebíamos os bons dias do distribuidor dos jornais gratuitos. Tinha óculos, cabelo naturalmente desarranjado, muito enérgico para aquela hora da manhã! Fazia questão de dar os bons-dias e os dois jornais a todos. Parecia impraticável, mas ele lá conseguia que ninguém lhe escapasse.
Estavam sempre na mesma estação, à mesma hora.
Nunca mais os vi.
Nunca mais fui largada daquela carruagem, naquela estação, àquela hora.
Mas recordo-os, com imenso prazer!
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- Magal
- "Não pedi para participar neste comércio do Ser, ninguém pode pedir nada às suas origens e não tenho mais do que uma importância mínima no comportamento do todo. E no entanto! A guerra dos Ser e implacável e estou dentro dela, nas suas múltiplas combinações do mundo e em cada uma delas o meu peso faz oscilar a balança para um lado ou para o outro e seja invisível ou não a carícia ou o golpe que me sai da mão sempre será transformação do todo que, queira ou não, sou." Casimiro de Brito